A VIDA É O QUE FAZEMOS DELA!


terça-feira, 27 de abril de 2010

Um tipo diferente de Escuridão

Por Jay Litvin

Existe um tipo diferente de escuridão, uma que é simplesmente o oposto da luz. Não contrária à luz. Apenas oposta.Esta escuridão não é mais antagonista à luz que a sombra é para a luz do sol, ou o sono à vigília. Enquanto ela possa não conter sabedoria, está longe de ser boba. Embora possa não ser boa, não há mal dentro dela.A escuridão de que falo não tem qualidades negativas como tristeza, medo ou desespero, embora a tristeza, medo e desespero possam ser entradas para estas trevas; assim como a escuridão pode ser uma entrada para a tristeza, medo e desespero. Mas uma vez que tenhamos descoberto que a escuridão é tão boa quanto a luz, embora de uma qualidade diferente, isso não precisa ser assim.Imagine aquela escuridão não como a ausência de luz, mas como uma coisa em si mesma. Algo de uma consistência diferente da luz. Para um propósito diferente, mas um propósito todo seu. É ela que permite que você seja; é material do qual você pode criar o mundo torna-se o playground da imaginação, da criatividade, de seu ser mais profundo.É seu amigo, um aliado que está disposto a ser tudo aquilo que você deseja ou precisa. Às vezes ele se torna coisas que você preferia que não se tornasse, mas que você precisa que seja uma parte de si mesmo, mais profunda que o eu que pensa que sabe o que você precisa.As crianças conhecem bem esta escuridão. A partir dela, criam monstros e anjos quando estão sozinhos num quarto escuro. Criam companheiros para quando estão sozinhos e não querem estar sozinhos. Algumas crianças, aquelas que estão sozinhas com muita freqüência e por muito tempo, criam mundos inteiros, povoados e esculpidos, nos quais vivem e encontram seu lugar. Algumas crianças criam desta escuridão um mundo no qual encontram o amor que não existe em seu mundo de luz, ou segurança contra o perigo que a luz do dia traz, ou paz contra uma casa mais caótica ou violenta que suas mentes podem tolerar. Adultos também fazem isso.Na escuridão, sentimentos e temores se libertam e criam forma. Na escuridão, o ser cria uma realidade externa a si mesma, com a qual pode se entender dentro de um mundo de luz pesado demais para tolerar.Sem a escuridão, como você poderia saber que sua luz do dia não contém amor? Onde você encontraria refúgio contra o ódio, se a escuridão não lhe deixa espaço para suas visões do paraíso? Como você poderia visualizar o futuro, se a escuridão não deixa uma fuga para o desconhecido? Em qual espaço você poderia projetar sua criatividade, se a escuridão não deixa espaço para o que ainda não foi criado?Esta escuridão é densa, não arejada como a luz. É uma substância que se presta à manipulação. E você a manipula, a forma com sua mente e com seus sentimentos, com sua imaginação e sua criatividade. Você a modela com sua necessidade e com o seu desejo. Com sua ânsia e com sua solidão. Você pode modelá-la com esperança e com visão. Com ambição e com percepção.Esta escuridão é tão benevolente que será literalmente aquilo que você quiser que seja. Com ela você pode criar o mundo. E a partir dela o mundo se tornará qualquer coisa que você deseje ou precise que ele seja.Se a escuridão não tem substância, então não pode ser. Então seus pensamentos permanecerão pensamentos, e sua imaginação trancada dentro de sua cabeça. Mas como a escuridão tem substância, translúcida e opaca como possa ser, ela permite que você crie sua forma, a forma que projeta sua imaginação para o mundo exterior e lhe dá substância.Na escuridão, você pode ver tanto dentro quanto fora de si mesmo, a forma e a textura que você visualiza em sua mente; um formato e textura, uma forma e personalidade, caráter e alma que você cria dentro de si mesmo e passa ao mundo da maneira que você o encontra. E o mundo precisa que você o crie exatamente desta maneira, ou o mundo não teria criado você.Por causa da escuridão, o mundo precisa de você. Por causa da escuridão, o mundo permite que você seja. Da escuridão você foi formado. Da substância da escuridão, no espaço que ela permite, você encontra sua individualidade, seu verdadeiro ser. Pois se houvesse apenas luz, não haveria espaço para você. O mundo simplesmente seria como é, com você ou sem você. Todos os olhos veriam o mesmo, e onde haveria espaço para você?E então, benevolente, a luz que certa vez preencheu seu mundo contraiu-se para dar espaço a você. E deixou em seu lugar a escuridão, aquela bruma com a qual o mundo seria criado, com o qual você criou o mundo.A escuridão é o potencial para descobrir o eu e a individualidade, o recurso interior e a força, coragem e curiosidade. É o local onde estamos sozinhos e começamos a nos conhecer. Na luz, estamos conectados, fundidos, somos um só. Na escuridão nós existimos. Na luz, permanecemos receptivos, protegidos, amados. Na escuridão, sozinhos, singulares e únicos. Na escuridão devemos ser criativos e fortes, para não dissolver e entrar em colapso, retirar-se da ameaça do desconhecido e dos sentimentos que ele proporciona.Na escuridão nossa criatividade e imaginação encontram espaço. Na luz elas se dissolvem, superadas pela dura realidade da existência, pela sólida e irrefutável realidade e pela luz clara e brilhante que não deixa lugar para dúvida, temor ou curiosidade, nem necessidade de coragem, flexibilidade ou interpretação. Na luz, não há necessidade de nós. Na escuridão, somos uma fonte de luz.Porém a escuridão é boa somente quando vinculada à luz. Sem o vínculo, a escuridão se torna má. Transforma o playground da imaginação num pesadelo.Incontida, a escuridão se torna tanto a causa de medo e desespero, quanto o lugar onde eles agora existem.Sem a luz – sem o momento no qual a luz penetra em nosso quarto e vemos a cadeira como cadeira e não como um monstro, o abajur como abajur e não como um anjo, o outro como o outro e não simplesmente a projeção de nosso desejo e necessidade, o mundo como mundo e não apenas um produto da nossa imaginação – nós estaríamos tão incontidos e sem limites quando sem capacidade de sobreviver à nossa própria criação.Nós seríamos tão singulares e sozinhos que morreríamos, D’us não permita, de tristeza e isolamento. Não haveria um outro para amar e para nos amar. Nenhuma realidade compartilhada. Nenhuma proteção ou segurança. Nenhuma verdade. Nenhum D’us. Nenhum mundo para sermos singulares dentro dele.E sem um mundo para se beneficiar da nossa singularidade, qual seria o objetivo para nós existirmos, afinal?

sábado, 24 de abril de 2010

Imagens Interessantes I

Infiel -A história de uma mulher que desafiou o Islã
























Terminei um livro hoje que com certeza deve vir para os comentários de tão espetacular!!! E a autora...simplesmente fenomenal por toda história de vida e luta....aí vai : comentário

Ayaan Hirsi Ali nasceu na Somália e foi eleita pela revista Time uma das cem personalidades mais influentes do planeta. Ela resolveu escreveuescrever uma autobiografia a qual deu o título de Infiel, visando esclarecer algumas fatos ainda obscuros como a morte do cineasta holandês Theo van Gogh.

Ayaan Hirsi foi infiel aos muçulmanos ao criticar o fundamentalismo e se tornar uma defensora dos direitos humanos na Holanda. Ela começou a fugir desde cedo, pois o pai era opositor do governo de Siyad Barre. Passou pela Arábia Saudita, Etiópia e Quênia. Neste último local chegou até a pensar em aderir ao fundamentalismo como forma de manter as raízes.

Em 1992, ela fugiu da casa dos pais que a queriam obrigar a ter um casamento arranjado. Contrária a esse preceito de não casar por amor e a de outros aos quais sofreu - caso da circuncisão - ela foi para Holanda, onde recebeu asilo. Lá, pouco mais de dez anos após sua chegada, foi eleita deputada pelo partido liberal VVD.

Em 2004, junto com o cineasta neerlandês Theo van Gogh, ela fez um filme intitulado Submissão criticando a situação da mulher na religião muçulmana. Após a empreitada, ambos foram ameaçados de morte. Van Gogh terminou sendo assassinado em novembro do mesmo ano por um jovem marroquino. O medo fez novamente Ayaan Hirsi Ali se mudar, desta vez para os Estados Unidos.

Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 504
Tradução: Luiz Antônio de Araújo


Aqui pode-se fazer download gratuito do livro:

http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/literatura-estrange...



P.S.: Theo van Gogh, é bisneto de Theo van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, o pintor.... era literato e cineasta, fazia críticas ao Islã, aos muçulmanos e por isso foi assassinado, com multiplas facadas e tiros.

Lobisomens e vampirismo





















O lobisomem é um entre vários monstros associados ao vampiro na mente popular. Esse relacionamento foi em grande parte estabelecido nos anos 30 com a produção de dois filmes de lobisomem pela Universal Pictures, e a inclusão do lobisomem e do vampiro juntos em três filmes durante os anos 40. Por definição, o lobisomem é um ser humano que em várias ocasiões (geralmente na lua cheia), voluntária ou involuntariamente se transforma num lobo ou numa criatura parecida com um lobo, assumindo suas características, especialmente sua ferocidade. Intimamente ligada aos lobisomens havia uma doença, a licantropia, na qual as pessoas acreditavam estar se transformando em um lobisomem, quando na realidade isso não ocorria.

Lobisomens e vampiros têm sido relacionados como existindo lado a lado nas mitologias em muitas culturas, porém têm um relacionamento especial com a área dos Bálcãs do sul, de onde provém muita da mitologia vampírica. Esse relacionamento estava particularmente evidente no uso do termo vrykolokas (termo usado em muitas línguas eslavas) para descrever vampiros nos recentes séculos na Grécia. Em relatos de vrykolokas no sul dos países balcânicos havia uma certa confusão sobre o significado da palavra. No início do século 20 o pesquisador pioneiro Freidrich Krauss, trabalhando na Bósnia, concluiu que o vrykolokas (vukudlak, na Bósnia) era um lobisomem (isto é, um homem ou uma mulher que se transformava num lobo e atacava o gado).

Pesquisadores mais recentes como Harry Senn e Jan L. Perkowski têm argumentado que a palavra vrykolokas derivava de uma antiga palavra eslava relativa ao ritual de se usar peles de lobo entre as tribos eslavas durante o primeiro milênio da era cristã. Anteriormente, Mircea Eliade tinha observado que os dacianos, os povos que habitavam a região hoje conhecida como Romênia, e cujo nome significa "lobo", transformavam ritualmente seus jovens guerreiros vestindo-os com pele de lobo e fazendo a mímica adequada. O historiador Heródoto descreveu esse comportamento entre os primitivos povos dos Bálcãs do sul. Na época o lobo era admirado como um animal guerreiro. Senn observou que durante os primeiros séculos do segundo milênio o papel do lobo mudava de um de admiração para outro de medo. O lobo tornou-se uma ameaça à comunidade porque atacava as pessoas e o gado.

No decorrer dos primeiros séculos do segundo milênio, o uso do termo vrykolokas perdeu seu significado ritual (como a imagem do lobo mudou e o próprio ritual desapareceu). De acordo com Senn, o ponto de referência dos vrykolokas foi transferido para o vampiro. Nos Bálcãs do sul (Romênia, Sérvia, Croácia, Grécia, etc...), ele substituiu o velho termo pelo vampiro. Perkowski enfatizou que havia um passo intermediário no qual o termo assumia uma referência mitológica para um ser que perseguia as nuvens e devorava a lua (Agnes Murgoci, trabalhando na Romênia durante os anos 20, descobriu referências contínuas a esse significado de vrykolokas). Uma transição adicional foi feita no século 16, na época em que vrykolokas estava passando a se referir a vampiros. Esse significado espalhou-se então pelos Bálcãs até a Grécia. Perkowski argumentou ainda ainda que o termo nunca se referiu ao lobisomem, conforme Krauss e outros têm sugerido. Entre os modernos romenos existe uma criatura parecida com o lobo, o tricolici (ou pricolici) um homem que pode assumir a forma de um porco, um cachorro ou menos freqüentemente a de um lobo.

A crença nos lobisomens aparentemente teve seu auge na Europa durante a Idade Média. Embora muitos se recusassem a acreditar que os lobisomens existiam, muitos acreditavam que a licantropia era causada pelo diabo. Os primeiros caçadores de bruxas, James Sprenger e Heinrich Kramer, autores em 1486 do livro Malleus Maleficarum, "O Martelo das Bruxas", que iniciaria a grande caçada nos dois séculos seguintes, declararam que a transformação do homem num lobo era impossível. Acreditavam que bruxas e feiticeiras poderiam fazer com que a pessoa acreditasse que tinha se transformado num lobo. Houve no entanto, diversos julgamentos contra pessoas acusadas de "lobisominismo".

O vampiro e o lobisomem parecem ter sido reunidos na tela pela primeira vez em The Return of the Vampire (1943), o filme de Bela Lugosi feito para a Columbia Pictures. A Universal juntou o vampiro (Drácula) e Wolf Man (personagem interpretado por Lon Chaney Jr.) em três filmes na década de 40: House of Frankenstein (1944), House of Dracula (1945) e Abbot and Costello Meet Frankenstein (1948). No primeiro filme Chaney procura uma cura para sua condição, que finalmente encontrou no segundo filme. No terceiro filem, de brincadeira, o Wolf Man juntou-se à equipe de comédia para evitar que Drácula (Lugosi) transplantasse o cérebro de Costello no monstro de Frankenstein. Seguiram-se outros filmes de lobisomens, em 1961 a Hammer Films fez o filme The Curse of the Werewolf, dirigido por Terence Fischer, que tinha feito The Horror of Dracula alguns anos antes. A Hammer, como a Universal, nunca tentou juntar Drácula e o lobisomem no mesmo filme.

Na televisão. duas criaturas foram reunidas na série Dark Shadows com um novo personagem de nome Quentin. No decorrer da história, foi amaldiçoado a se tornar um lobisomem, a primeira tranformaçao tendo ocorrido no Capítulo 752. A princípio Quentin e Barnabas Collins, o personagem vampírico, eram inimigos, tentando eliminar um ao outro. Entretanto chegaram ao entendimento de que eram afligidos pelo mesmo mal e ai começaram a trabalhar juntos.

A tentativa seguinte de juntar os dois personagens ocorreu em 1970 com Werewolf vs. Vampire Woman, de uma série que apresentava Paul Naschy como o Conde Waldemar Daninsky (o lobisomem) tendo como oponente a vampira/bruxa Condessa Waldessa. Um vampiro apareceu na quinta seqüência de Howling (série de filmes de lobisomem). Em Howling IV: The Freaks (1990), o vampiro rapta o lobisomem para servir de atração em seu show de excentricidades. O tema lobisomem também estava evidente em Dracula's Dog (1977), história de um cachorro vampiro à solta em Los Angeles.


O Livro dos Vampiros, A Enciclopédia dos Mortos Vivos - J. Gordon Melton

O Monstro


























As crianças temem os monstros ocultos sob a cama ou escondidos nos armários, aguardando, nas sombras, o momento propício à agarrá-las arrastando-as para as tenebrosas Trevas...os jovens corações enchiam-se de terror...mas à medida que crescem o monstro transfigura-se em em algo tão mais sutil e terrível do que aquele que vivia nas sombras....este espreita em cada canto, não apenas no oculto, mas nas ensolaradas manhãs na escola, na praia, no clube...ele agora não espreita pelas frestas dos armários, mas vem envolvido em papel seda ou espalhado sobre uma superfície, donde o incauto O aspira e, assim, o Monstro conseguiu, do terror de outrora, provocar o terror de agora! Distorcendo a personalidade, revolvendo o antes fecundo solo d'alma, com suas hediondas garras impiedosamente destrói cada traço que nos torna humanos...aprisiona a alma...destrói o corpo...aniquila quem se põe em seu caminho...pois o desejo desse Monstro virótico, é multiplicar-se buscando novos "hospedeiros".
O medo, a morte, a loucura e a destruição, séquito desse maldito ser que habita o seio das famílias...da Sociedade....aniquilando tudo à sua volta...destruindo aqueles a quem rouba a alma, esse vil demônio, a Droga!


Adriana La Terza

Melodia Sacra

























Ah! Linda e incandescente
surge A lua...donzela cuja voz
nenhum de nós
há resistido!

Maviosa e poderosa canção
embriaga, enlouquece, desorienta...
entrego-me em seus
braços prateados

Ouço seu chamado!
o música entorpecedora...e,
libertadora da Besta!
Do eu verdadeiro e oculto.

A fera ressurge a cada
chamado de seus lábios
a cada carícia noturna
de seus gélidos dedos.

Tenho-te por amante
eterna e onipotente
meiga, carinhosa, bela
fria, cruel...contundente.

Rasga-me a pele
retorce-me os ossos
pelos...formas...dor!
Esse é o seu amor!

Livre da prisão que
me oprimia, ocultava, subjugava...
percorro, farejo, persigo
sinto o vento em meu focinho...

Me traz odores....
acaricia minha pelagem
corro e nada fica em meu caminho!
Sou a força da terra, sou filho da Lua!


Adriana La Terza

Eu



















Chamam-me réprobo, maldito...à ninguém sou querido, em parte alguma bem vindo!
Sou o caçador noturno, aquele que persegue e se alimenta dos mais fracos; não me importa quem ou o que, humanos, vampiros, animais, meus iguais...nada passa de comida e eu adoro brincar com minha comida...alimentar-me do sangue quente dos animais ou dos humanos, principalmente, o frio e denso dos compatriotas vampiros, ou o pútrido e coagulado dos da minha estirpe...o melhor é beber seu medo...sorvê-lo enquanto engulo o revigorante licor, admirar o horror em seus olhos, a luz se apagando, as forças esvaindo, os membros relaxando e pendendo....Ah, sim!!! Sou o Réprobo caçador de todos...o temor, o ódio, o respeito, o desprezo, para mim são indiferentes...habito a escuridão, as ruínas, cavernas, covas frias e abandonadas, sou só, mas não solitário, eu e meus irmãos nosferatus, compartilhamos as sombras, o sangue e se este falta, bebemos dos nossos fracos e impotentes. Por que eu deveria me importar com que pensam de mim? De nós?...estou separado da humanidade desde sempre.
Não me importo...me alimento!


Adriana La Terza

O Lago


Vinha, Cedryc, galopando pela floresta, quando ouviu um choro.
Parou, aguçou o ouvido...misturado ao farfalhar das árvores, havia um pungente choro.
Curioso, dirigiu-se ao centro da floresta, a despeito dos avisos para evitá-la, não acreditava em supertições...avançou mais, até chegar à um lago, oculto no coração da floresta; à beira desse, uma linda e desolada mulher, tocava a água tentando, em vão, alcançar algo...Aproximou-se e constatou o quanto era linda! Ao vê-lo, suplicou que a ajudasse a pegar seu cordão que caíra ao banhar-se. Seduzido pela beleza dela, ele prontamente inclinou-se para buscar a jóia,  mas ao ver o reflexo de ambos n'água, surpreendeu-se...a linda mulher ao seu lado, estranhamente, refletia disforme, ressecada, olhos vazios, presas...olhou à que estava ao seu lado, e permanecia bela como antes, não aquele reflexo horrendo! Olhou para a água e notou que aquela "coisa" refletida, movia os lábios como se fosse sugar ou aspirar e sentiu-se tonto, enfraquecido...começou a sufocar e secar. À medida que murchava, o reflexo rejuvenescia, igualando-se à bela sentada à margem.
Cedryc secou até tornar-se um monte de pó e cascalho no chão ao lado da jovem que lhe pedira socorro e que, agora, semeava o lago com as cinzas de seu benfeitor.



Adriana La Terza

Vinhedo do Desepero


Desorientado, Armand, caminhava por uma extensa trilha de terra batida, permeada por densa e bela vegetação.
Aflito procurava algo que lhe escapava à memória, mas não ao coração, este, apertado no peito, sufocava-o na ânsia e expectativa de encontrar o que desconhecia, que era-lhe indispensável à existência.
Vagou, aturdido, ao que lhe pareceram horas, num espetacular campo verdejante, recoberto de flores e arbustos frutíferos...um fleche: lindo e angelical rosto feminino, sorrindo lhe oferecia uma daquelas amoras pendentes no arbusto. Pálido, coração galopante, tinha certeza que o que procurava era ela, mas...onde? A visão dela cortara-lhe a mente! Fagulhas incandescentes mostravam-lhe uma ventura inenarrável, porém, estranhamente esquecida! Aquela terrível dor de cabeça incessante o enlouquecia,levou a mão à cabeça e sentiu-a úmida, apavorou-se ao ver sangue! Teria caído e, ao bater a cabeça esquecera-se de tudo? Mesmo de alguém que lhe parecia marcada à fogo em seu coração? Precisava encontrar a resposta...olhou ao redor e parecia familiar, caminhou instintivamente e ao longe, divisou um lindo casarão! Um relâmpago de esperança :reconhecia a casa! Correu para lá, abrindo bruscamente a porta de madeira maciça e procurou, vasculhou sem nada perceber, até notar um enorme quadro em cima da lareira,...caminhou, até ele e viu-se ao lado da bela jovem que enchia sua memória devastada, reconheceu sua adorada esposa! As lembranças voltavam enquanto lágrimas transbordavam de seus olhos; desesperou-se e avançou para a escada que dava acesso ao andar superior, subiu-a, saltando degraus....viu a porta do quarto principal, empurrou- a , e viu, chocado, nos alvos e macios lençóis de seda, o corpo inerte de sua adorada Sophie! Nem mesmo a mortalha lhe roubava a beleza...atirou-se sobre ela e tentou beijar-lhe a face marmórea e fria....inutilmente... não conseguia tocá-la, embora tentasse. Angustiado, olhava ensandecido, ao redor procurando uma explicação, quando percebeu uma perna, estirada ao lado oposto à cama, dirigiu-se até lá, e...viu-se, caído morto, uma arma na mão direita; arregalou os olhos e tocou novamente a cabeça que sangrava...como era possível! Ao ver uma carta aberta perto de sua mão esquerda, inclinou-se e leu " Meu amor, por favor volte rápido! Sinto-me cada vez mais fraca, a tuberculose avançou, tenho medo de não conseguir despedir-me de você. Com eterno amor. Sophie." Fechou os chorosos olhos, apertando-os como se isso fosse afastar a dantesca verdade....o terrível pesadelo! Lembrou-se de receber a carta enquanto negociava os vinhos de seus vinhedos, planejava levar Sophie às montanhas, esperava que novos ares restituíssem a saúde da amada, ao ler a carta retornara ao lar, imediatamente, mas chegara tarde...enlouquecido pela dor e desespero, findou a própria vida...ajoelhado, agora, ao lado de seu cadáver, ergueu as mãos tremulas, enterrando-as nos enbaraçados cabelos e gritou: Não!


Adriana La Terza





Letras


Escrever era a minha vida, até perceber que tornara-me um conto! E, a medida que era lido, desfazia-me.... frases soltando, palavras desconectando.... meus pedaços flutuavam , retornando ao infinito manancial inspirador, aguardando com outros, por outro amante das letras, que viva exclusivamente para elas.



Adriana La Terza

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ressurgir





















Andando pelos negros, profundos e inexplorados vales de minha sombria alma, encontrei um fantasma....distorcido, opaco, sentava-se numa rocha, junto a um lago sangrento e incandescente....chorava! Aproximei-me, as borbulhas incandescentes do lago sanguíneo, queimavam-me e manchavam meus negros crepes, a tormenta sempre constante, repentinamente aquietou...virei-me e de repente a esmaecida silueta surgiu a minha frente, perguntando-me:


- que fizes-te de mim? maculou-me, deformou-me, transfigurou meu mundo num abismo infernal....causticante, povoado de misérias, dor, desespero!....desespere-te agora que teu reinado finda.

O espectro segurou meu rosto, tampando meus olhos, e nessa escuridão induzida pude ver minha outrora vida perdida....sonhos, esperanças...risos....e ao ver...toda infernal realidade que criara, era sugada para minha mente, o espectro largou-me e ao abrir os olhos ensanguentados e embaciados, vi que todo seu aspecto, havia mudado...fime, bela, forte, parecia-se comigo, a de outrora, e aterrada, vi....o mundo que construí, nas ruínas... sumira, tudo resplandecia, verdejava....havia apenas um pequeno e profundo buraco no chão....e eu disse para mim, agora distorcida e esmaecida:

- guardei este lugar....para enterrar-te de vez! Empurrou-me, lançando terra e grama, sepultando-me e meu mundo, naquela brecha onde permaneceria por toda eternidade. Abri meus olhos, levantei da cama, a qual aprisionara-me livremente, tomei um longo e reconfortante banho e fui para o jardim, algumas plantas murchavam....acerquei-me delas e comecei a replantar, regar, sorrir...viver!


Adriana La Terza

O Jantar


Andava apressado, não poderia perder o metrô, ou teria problemas com Elena; ela andava alienada ultimamente, com idéias estranhas...talvez fosse o recente parto de Julie, tão linda, mas a deixava inquieta e perturbada.


Cheguei na hora do jantar e Elena disse:

- Lave-se, o jantar está quase pronto.

O cheiro estava delicioso e antes de banhar-me, fui brincar com meu velho amigo Max, um belga à muito da família, não o encontrei....deve ter fugido, de novo, para namorar...logo voltará!....bem, Julie àquela hora dormia e resolvi dar-lhe o beijo de boa noite, quando fosse dormir também.

Elena estava mais estranha que "o normal", serviu-me ensopado de carne com legumes que devorei faminto; ela olhava fixamente a pia e, para puxar conversa, perguntei do Max. Ela disse:

- Aqui. ....

- Aqui?? onde?? ( não o vira ao chegar ).

Só então reparou na pia que a mulher insistentemente olhava, levantou-se horrorizado, sangue manchava toda superfície da pia, caiu ajoelhado, vomitando e, aos berros, perguntou:

- O que fez?!

Pensamento terrível ocorreu-lhe, correu desesperado para o quarto da pequena Julie que...dormia como anjo que era. Trancou a porta do quarto da filha e ligou para John, irmão de Elena....voltou para a cozinha, Elena, de pé, mantinha as mãos na pia, naquele rubro mar sanguineo....aproximou-se mais e ...oh! horror!!!...na pia a cabeça de Max, lingua estirada para fora, olhos vazios....olhou, aterrado, do cão para a mulher, ela agora com um cutelo nas mãos sangrentas, ia na direção do marido petrificado dizendo:

- Preciso terminar o jantar!



Adriana La Terza

Floresta Proibida


Caroline mudou-se para uma casa beirando uma densa floresta. Ao descarregar suas coisas, um globo caiu e rolou para a floresta, ia buscá-lo, quando repentinamente é agarrada por um velho; gritou e seus pais correram para socorrê-la; o velho então disse:

- É proibido entrar na floresta maldita, quem ousa, não volta!

Caroline riu, mas o velho continuou:

- À 200 anos, uma mulher foi abandonada pelo noivo, que fugiu com sua melhor amiga, desesperada, fugiu para a floresta e enforcou-se no carvalho retorcido; dizem que na hora da morte fez um pacto, com o Abandonado, levaria todos que pudesse entregando suas almas e sangue, pela oportunidade de achar os dois culpados de sua miséria, e desde então, quem entra não volta.

Caroline debochou do velho supeticioso, mas ele, ao partir, ainda gritou:

- Preveni você!

À noite, Caroline só pensava em explorar a floresta e provar que o velho era doido. Ao perceber que todos dormiam, partiu. Vagou, feliz concluindo que o velho era doido e ela estava certa, menina da cidade se assustar com folclore?! Até que farfalhar de pé nas folhagens a sobressaltou! Escondeu-se num tronco oco e então viu...uma mulher de vestido rubro, ou que parecia banhado em algo sanguinolento que deixava odor nauseabundo....ela estava atenta a algo, repentinamente salto e com garras infernais, agarrou um gamo, cravou suas presas enormes e potiagudas, estraçalando o pescoço do animal que contorcia-se no solo,empapando-o de sangue. Enluquecida de terror, Coroline quiz fugir, mas pisou num galho seco, ao elevar os olhos, viu a criatura olhando diretamente para ela, olhos rutilantes, boca escorrendo sangue enquanto sorria famélica, sugeitando o gamo nas garras. Caroline correu o mais que pode, mas ao virar-se para abrir a porta deu de cara com "ela" que faminta olhava-a,como um especto infernal, enquanto sangue escorria de sua boca ao colo; disse a Caroline, congelada de pavor:

- Devorarei tua alma hoje!

Agarrou Caroline e arrastou-a pelos cabelos até a Árvore dos Malditos no centro da floreta, sempre sorrindo com dentes bestiais, acariciou os ruivos cabelos de Caroline e a beijou nos lábios, sugando sua vida e entregano sua alma ao Abandonado, ao poucos Caroline secava como uma múmia, antes do fim a criatura trevosa, arrancou o coração e o devorou ainda pulsante, e agora Caroline não passava de um amontoado de gravetos, como muitos outros, aos pés da retorcida Árvore dos Malditos.

Nunca mais se teve notícias dela, apenas lacas e marcas de unhas arranhando do piso à floresta.


Adriana La Terza

Para Sempre




















Batidas na janela despertam Sheila.


- Sheila é Bob, preciso lhe falar! Sheila abre a janela, um calafrio estremece-a.

- Sheila você me ama?

- Sim, seu bobo! Por quê?

- Você prometeu fazer amor comigo, e que ficaríamos juntos para sempre!

- Sim, mas quando estivesse pronta!

- Que seja hoje! Brilha maravilhosa a lua, seremos banhados por sua prateada luz!

Ante a insistência do amado, Sheila o segue para o ninho de amor escolhido por Bob. Caminham em silêncio, Sheila estranha o trajeto, quando, horrorizada, reconhce o Cemitério da Cidade.

- OH, Bob! Não!!! Não aqui!

- Sim amor, é meu desejo...prometeu-me!

Aterrorizada, segue Bob por entre as lápides, até alcançar uma florida.

- Chegamos; e antes que ela percebesse, abraçou-a forte, enchendo-a de beijos e carícias; logo ambos estavam deitados sobre a lápide coberta de gramas e flores, fazendo amor, contudo Sheila não sentia dor, como ouvira, mas enfraquecia-se, esvaia-se; tentando respirar melhor, moveu a cabeça para o lado, e pode ver, iluminado pela lua, gravado nesta tarde, o nome de seu Bob na lápide. Petrificada o grito de horror morreu em sua garganta, enquanto Bob, olhos vítreos, dizia: Juntos para sempre!

De manhã as buscas por Sheila findaram, quando o Coveiro, achou-a, deitada, inerte sobre a sepultura de seu recentemente falecido namorado. Um mistério para todos, já que Sheila desconhecia a morte de seu amor. Para polícia, mais um suícidio por coração partido.

 
Adriana La Terza

Secrets III






















Segredo



Tenho na alma um segredo
e na vida um quebranto,
Um duradouro amor num momento nascido,
é mal sem esperança, e o silêncio tanto
que essa que assim o fez
de nada tem sabido.

Ai de mim! passarei dela despercebido...
junto dela, a seu lado e solitário...entanto
e até o fim viverei sobre a terra ,
em meu canto.

Nada ousando pedir
Nada logrando obter...

Ainda que a tenha Deus
doce e terna criado...
por seu gosto ela vai...
distraída ao meu lado...
Surda ao rogo do amor que
nascido de ti, há-se erguido!

Presa à austero dever,
que fielmente zela...
ela irá, ao ler meus versos
cheios dela, perguntar :
- Quem é essa afinal ?

Adriana La Terza



Beijo

Não sei o que dizer
de um beijo.
Calor que à alma arrebata
ao Sol que se põe no entardecer....

o mesmo beijo que
ao amor unirá nossas almas
num só beijo de irmãos....


Adriana La Terza



No espaço

No espaço que me prende,
vazio mar...solidão,
a luz que não mais se acende,
amor de mim...ilusão!
No espaço que me prende,
quero ouvir tua voz....
quero plantar a semente
quero desatar os nós...
No espaço que me prende,
sou livre, sem liberdade,
sou escravo de um sonho,
sinto de ti saudade.

No espaço que me prende,
estou perto de tudo e nada....
dos lugares que passei,
nesta minha caminhada.

No espaço que me prende,
preso estou por covardia...
não sei se falo de amor,....
e, por amor o que faria?
No espaço que me prende,
não sou nada...nem ninguém...
somente a sombra que vaga...
à procura de um bem.


Adriana La Terza

Secrets II






















Ansia


Teu corpo escultural
Tua pela alva e macia
Demonstram os prazeres

Que aos teus devotos propicia!
Ah!...se tu soubesses
A ânsia que me devora o peito

A sede de seus doces beijos
Cederia-me, ligeiro,
Teu olhar faceiro.


Adriana La Terza



Procurei

Procurei por ti , flor do dia,
entre as encantadas fontes.
desdobrei-me em agonias,
ao sol dos montes.

Andei por todo lugar,
procurando te encontrar,
flor minha!
mas não sei por que

mal ou desvelo, não soubestes
a que vinhas.
E num repente matreiro,
surgistes.....

a me conquistar,
não nego, a mim foi difícil,
mas aceitarei te amar.
E agora sonho em vão

e continuo a procurar...
quem sabe em teu coração,
o amor, o quanto durará?


Adriana La Terza

Secrets I

















O mundo e os vendilões



Mundo divino de ímpares oportunidades
Ressurjam vitoriosas
As virtudes outrora perdidas.

Não hajam mais impiedades
alquebrados coraçãoes reclamam
por lenitivo e o final destas mal vistas

demonstrações de vileza e corrupção
Que cada um receba seu quinhão
não esquecendo dos famélicos vendilhões,
a cata de seus tostões.


Adriana La Terza



O CALOR

Que dizer do calor
vindo de seu corpo em ligeiro torpor?

Unimo-nos mais uma vez

seus toques....ah....que dizer?
Enlouqucem-me de vez!


Adriana La Terza

Libertação















Àcido desce por meus
nervos e corroe
minha carne,
revolve-me as entranhas.

Sangram-me os olhos,
dos ouvidos brotam pus.
Desfaço-me, e...
alegro-me!

Esta imunda prisão de carne
não mais reterá minha essência!
Singrarei os etéreos mares...
beberei da fonte diamantina...

E este grilhão carnal,
agora, putrefacto, retorna
ao abundante, imenso, coletivo...
ao mundo material.



Adriana La Terza

Trevas




















Mergulhada em denso lamaçal
olhava e via do fundo do fosso
luz diáfana, distante, virginal...

Mas não me alcançava
amparava...acudia
antes, mostrava-me mais
claramente minhas chagas.

Sem socorro, sem amparo
enterrei-me mais e,
mais distante
a distante luz ficou.

Na treva e lama
encontrei braços desesperados, como eu...
abraçaram-me e puxaram-me mais
para baixo, para o lar dos desditosos, os exilados!

Aqueles braços, magros
horrendos, macilentos
eram mais próximos
que a brilhante, virginal luz distante...

Neles encontrei apoio
socorro das dores, nas
dores deles.

E todos nós formamos
o denso, incomparável, invencível
exército dos desgraçados, que
pululam por toda parte...
Deserdados da luz santificante!


Adriana La Terza

Azrael

Vejo um anjo aproximando-se
enormes e brilhantes asas
rosto sereno, olhar distante....
numa mão traz uma estrela
noutra uma ceifa.

Ao Seu redor nuvens
de almas arrebatadas
entoam cânticos à Alvorada
da vida nova que inicia

Longe, livre desta prisão nojenta
divirtam-se vermes
roendo-me os ossos, rompendo-me as fibras
eu, livre, alcançarei triunfante
o ignoto, o aguardado!


Adriana La Terza


Habitação


Há um estranho ser que habita
cá dentro em meu reino pessoal
range, alucina, grita
ri-se, enlouquecido
em ardente vendaval.

Arruína minha esperança
transforma-me em fera
rutilantes olhos, afiadas presas
esgueirando, tateando, farejando...
faminto!

Sanguissedento dos licores da vida
sinto abrir-me o peito à horda
maltrapilha e suja
turba maldita que dormita
sob a pele, nas entranhas....fervilha

Cruento, desalmado demônio
buscando, caçando, sugando
roubando fragmentos de outros, para
construir o seu próprio
castelo de carne e sangue,

Mantendo, assim aprisionadas
as almas torturadas
das desafortunadas vítimas.


Adriana La Terza

Solidão


Algo se perdeu
e não sei o que foi...
sinto o vazio, a falta...

como se tudo o mais
dependesse disso
e, no silêncio

descobri...
que o que se perdeu,
fui eu!
 
 
Adriana La Terza

Eternidade




À luz pálida de uma vela
minhas mãos percorrem tua silueta
o desejo, a ânsia de possuir-te...

aproximo-me mais de teu corpo
as sombras ocultam o desejo em seus olhos
e, ao virar-te o rosto, vejo-os...

famélicos, desejando mais que beijos,
mas o prazer do sangue e da vida
escoando de mim...penetrando-te

ao dar-me o supremo prazer
de tua mordida.
E habitarei para sempre

dentro de ti


Adriana La Terza

Repúdio





















Abdico minha Origem
repudio o Céu e suas líras
anseio a Terra e seus
infernais prazeres.

Cortem-me as Asas!
Quero ser humana

banhar-me na luz do Sol...
...sentí-la,
mergulhar no negrume noturno...
...absorvê-lo,

Sangrar, sofrer, chorar...
Quero sentir, não mais contemplar!
Amar, gozar, comer...
Chega de proteger!

Antes, arrastarei comigo
para o leito infando
homens, mulheres e anjos!

Adriana La Terza