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terça-feira, 10 de agosto de 2010

CULTURA VAMPIRESCA CONTEMPORÂNEA



Primeiro foi Drácula, de Bram Stocker, uma das obras literárias mais conhecidas do mundo, escrita em 1897 e que colocou vampiros, o Conde Vlad e a Transilvânia no imaginário popular. Em 1922, surge o filme Nosferatu do alemão Murnau, totalmente copiado do livro de Stocker e inaugurando fascínio do cinema por esse tipo de personagem. Depois disso, veio Bela Lugosi com seu indefectível fraque, seguido de Christopher Lee em produções maravilhosas, Cris Sarandon em A Hora do Espanto, Anne Rice com Lestat e suas crônicas vampirescas até chegarmos nos dias de hoje, com os sugadores de sangue mais em voga do que qualquer outro personagem fictício.

Na TV, temos True Blood, da HBO, que estreou sua segunda temporada com uma audiência de 3,4 milhões de espectadores e, no dia 17 de setembro, começa nos Estados Unidos o seriado The Vampire Diaries focado em uma garota vampira e seus conflitos com a família. Ainda no cinema, a série Crepúsculo atrai legiões de fãs, especialmente entre adolescentes. Os japoneses atacam com Blood: the Last Vampire. E produções, como o excelente Deixe Ela Entrar, do sueco Tomas Alfredson, se tornam merecidamente cult. Até mesmo o premiado diretor de terror, Guillermo del Toro (de Hellboy e O Labirinto do Fauno) se rende às criaturas da noite na série de livros Noturno (em breve em uma sala de cinema perto de você).O jornal americano The New York Times publicou recentemente uma matéria tentando explicar os motivos do fenômeno que está atingindo os mais diversos meios culturais em todo o mundo. "O vampiro é o novo James Dean e existe algo muito tranquilo e sexy nesses jovens e eróticos predadores", disse Julie Plec, roteirista e produtora executiva de The Vampires Diaries. Sensualidade e beleza são obviamente atrativos e nisso os vampiros o tem.Na literatura moderna sobre esses personagens, eles são regularmente descritos como belíssimos e refinados. Além disso, aliam uma corrupção de padrões morais com glamour. "Eles despertam nas pessoas o questionamento de que tipo de monstro seríamos se simplesmente nos soltássemos sem limites", disse o estilista Rick Owens, cujas peças em estilo gótico evocam os mortos-vivos.A moda, aliás, também está sucumbindo à vampiromania. A edição de junho da badalada revista W. trouxe as andróginas criaturas em seus ensaios e a Vogue italiana aproveitou a tendência para apresentar modelos travestidas de vampiros, inclusive com sangue na boca. O estilo predominante agora, aliás, são os vestidos longos em em couro e e com muitos laços.É bom lembrar que esse glamour predatório também já havia sido personificado por dois grandes ícones do mundo fashion, Catherine Deneuve e David Bowie, quando estrelaram o terror-chique dos anos 80 Fome de Viver. No filme, viviam dois imortais apreciadores de plasma extremamente ricos, elegantes e bonitos. E quem não gostaria de ser assim?Existem também outras teorias que explicam o ressurgimento dos vampiros na sociedade contemporânea. O professor Michael Dylan Foster, do departamento de folclore da Universidade de Indiana afirma que especialmente depois dos atentados de 11 de setembro, a vigilância extrema e as teorias da conspiração inspiraram obras como Crepúsculo, já que ela foca justamente no temor de que algo secreto e perigoso ronda nossa sociedade (e de uma certa maneira, é a mesma premissa de True Blood, com vampiros "saindo do armário").Já o professor Thomas Garza, do departamento de estudos eslávicos e eurasianos da Universidade do Texas, vai um pouco mais longe. "Períodos de guerra, depressão econômica e desordem cultural aumentam a produção de ficção fantástica e focadas em vampiros. O conflito acaba voltando-se para dentro da pessoa quando passamos a questionar nosso status moral, político e fiscal. `Será que estamos sendo excessivos? Deveríamos nos conter mais?'. E hoje paracemos estar fazendo essas questões de novo", afirmou.E nem os vampiros escapam desses questionamentos. Desde que o morto-vivo Louis tinha suas crises depressivas na obra de Anne Rice, Entrevista com o vampiro, que alguns desses personagens tentam ter algum tipo de padrão de comportamento aceitável no meio dos humanos.O próprio Edward, de Crepúsculo, é um verdadeiro cavalheiro. Apaixonado por Bella, reluta ao máximo em lhe sugar o sangue, já que se sentiria um monstro se o fizesse. E assim, obviamente, leitores e espectadores conseguem se identificar de imediato com uma figura fictícia. "Existem monstros tão maiores e mais realistas no nosso dia-a-dia, que ter alguém mordendo nosso pescoço e secando nosso sangue não parece tão assustador assim.", disse Emily Rose, uma poeta de Chicago, devotada à vampiromania. Na abertura de Fome de Viver, enquanto os vampiros escolhem suas vítimas em uma boate, o grupo Bauhaus canta 'Bela Lugosi is dead'. Seguramente os novos sugadores de sangue abandonaram o fraque e o sotaque do leste europeu para andar entre nós. Bela Lugosi está mesmo morto. Assim, longa vida a, Bill Compton, Lestat e Eli.




Fonte: Boca do Inferno

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